Fado da saudade
Nasce o dia na cidade – que me encanta
Na minha velha Lisboa – de outra vida
É com um nó de saudade – na garganta
Escuto um fado que se entoa – à despedida.
Foi nas tabernas de Alfama – em hora triste
Que nasceu esta canção – o seu lamento
Na memória dos que vão – tal como o vento
No olhar de quem se ama – e não desiste.
Quando brilha a antiga chama – ou sentimento
Oiço este mar que ressoa – enquanto canta
E da Bica à Madragoa – num momento
Volta sempre esta ansiedade – da partida
Nasce o dia na cidade – que me encanta
Na minha velha Lisboa – de outra vida
Quem vive só do passado – sem motivo
Fica preso a um destino – que o invade
Mas na alma deste fado – sempre vivo
Cresce um canto cristalino – sem idade.
É por isso que imagino – em liberdade
Uma gaivota que voa – renascida
E já nada me magoa – ou desencantada
Nas ruas desta cidade – amanhecida
Mas com um nó de saudade – na garganta
Escuto um fado que se entoa – a despedida
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